sexta-feira, 18 de maio de 2012

Advogado orienta cliente a desistir de ação após saber que fiadora era pobre

Patroa fez empregada assinar contrato de aluguel como segunda fiadora.

A dívida de R$ 60 mil será cobrada agora da primeira fiadora, a filha da aposentada que deu o calote.

Quando foi avisada da dívida, a empregada doméstica Eldina Alves, viúva, doente e com pressão alta, não acreditou. “Foi um susto maior do mundo, fiquei sem terra no chão pra pisar”, diz.
A ex-patroa pediu que ela assinasse um documento. Na inocência, Eldina obedeceu. “Eu trabalhando lá, como é que eu ia pensar que ela ia me dar aquele papel pra mim (sic) assinar, e eu lá em cima da escada, limpando a janela da casa dela. Eu desci, assinei, subi, continuei a fazer meu serviço, normalmente”, conta.
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Era um contrato de aluguel. A diarista, que mal sabe ler e escrever, sem querer se tornou fiadora. A mulher que morava no imóvel parou de pagar o aluguel. O dono cobrou a dívida. A Justiça mandou então que a faxineira pagasse R$ 60 mil para cobrir o calote da ex-patroa.
"Nem se os irmãos todos juntassem os seus salários, não tinha como pagar", comenta Marinéia Alves, filha de dona Eldina.
O processo durou treze anos. A casa onde moram oito pessoas - genros, filhas e netos de Eldina - ia à leilão. "A gente ia perder o único teto que a gente tem. Todo mundo chorava", diz Mayara Alvez, filha de Eldina.
"Todo mudo que encostava na casa, eu já pensava que era pra tomar a casa", afirma. Até que um dia a família recebeu a visita de um advogado, que foi tentar um acordo, o pagamento de pelo menos parte da dívida, mas quando ele viu a situação, desistiu da cobrança.
“Não tive coragem na hora. Percebi que ela é uma pessoa muito simples, que ela não tinha condições de interpretar o contrato de aluguel, as obrigações de fiadora que ela assumiu e, enfim, eu acho que fiz a coisa certa", declara  João Paulo Moreira, advogado.
O dono do imóvel concordou. No dia em que a  sentença saiu, o advogado telefonou para dar a boa notícia. "Eu gritava e chorava. Meu deus, ainda existe gente boa nesse mundo!", declara Eldina.
O advogado vai cobrar a dívida da primeira fiadora do contrato. Ela é filha da funcionária pública aposentada, que deu o calote.

Fonte: Jornal Hoje

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