Veja só a ironia que volta e meia resvala entre os antogonismos da política: Roberto Requião e Beto Richa prometeram baixar ou acabar com o pedágio – o primeiro, na base da pancada, o segundo, na base da negociação. Não deu certo nos oito anos anteriores e nem se mostravam eficazes as tentativas de acordo conduzidas pelo primeiro-irmão secretário da Infraestrutura, Pepe Richa, com as concessionárias no primeiro ano do novo governo.
Eis, porém, que, semanas após assumir o mandato de senadora eleita pelo PT, Gleisi Hoffmann requereu ao Tribunal de Contas da União uma completa auditoria do setor. O cartapácio produzido pelo TCU saiu há 15 dias, quase um ano após o pedido da senadora, atualmente ministra-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff.
Apesar do defeito apontado pelas concessionárias, segundo as quais elas não tiveram a chance de ser ouvidas pelo TCU, o documento acabou abrindo o “caminho das pedras” para que o governo de Beto Richa, enfim, encontre solução razoável para a polêmica questão do alto custo das tarifas que atazana os paranaenses desde 1997. É a iniciativa de Gleisi, portanto, que eventualmente poderá levar o governo Richa a cumprir a promessa de campanha. Caso contrário...
A ironia principal está no fato de que Gleisi é a virtual adversária de Richa na eleição de 2014 na disputa pelo governo do Paraná. Logo, do ponto de vista do papel que lhe cabe como representante do Paraná no Senado, Gleisi fez o que devia – mas, eleitoralmente, pode ter ajudado o “outro lado”. Dependendo dos resultados que a partir de agora, enfim, podem ser alcançados, se sairá melhor quem – Beto ou Gleisi – souber capitalizar o feito com mais competência política.
Celso Nascimento
gazeta do povo.
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