Agência espacial mostra razões para não acreditar em profecias apocalípticas
Google gera 35 milhões de resultados para frase
“desastres 2012”
As pessoas podem dormir tranquilamente na noite entre 20 e 21
de novembro de 2012, garante a Nasa, a Agência Espacial Norte-Americana. Apesar
da polêmica em torno da data, o mundo não corre o risco de acabar.
O prognóstico do fim do mundo é atribuído ao calendário maia,
que se encerra no dia 21 de dezembro de 2012. Entretanto, o astrônomo Don
Yeomans, gerente do programa NEO de Objetos Próximos à Terra, da Nasa, questiona
os rumores sobre este acontecimento.
"O que há de tão especial sobre 21 de dezembro do ano que vem?”
Pergunta Yeomans. "Muitas pessoas pensam que é o fim do calendário maia e que
uma catástrofe ocorrerá. Mas além da data marcar o inicio do solstício de
inverno, instante que marca o começo do Inverno no Hemisfério Norte, nada de
mais interessante irá acontecer”.
Os defensores da teoria afirmam que uma estranha série de
eventos terríveis está convergindo para causar a destruição da humanidade
naquele dia. Mas o astrônomo da Nasa rebate essas ideias usando conhecimento
científico para mostrar que tudo não passa de mentira.
Veja nas próximas páginas as razões apresentadas por Yeomans
para rejeitar essas profecias apocalípticas.
Os Maias
O antigo calendário maia era um sistema distinto de medir o
tempo. Além do ano, os maias mediam períodos mais longos, assim como o nosso
calendário divide o tempo em décadas, séculos e milênios.
A contagem do calendário maia mais curto era de 52 anos,
enquanto a contagem do calendário mais longo era de 5125 anos. Grande parte da
polêmica sobre o fim do mundo se deve a este calendário de longa duração chegar
ao fim em 21 de dezembro de 2012.
No entanto, isto não significa que uma catástrofe ira
acontecer. Segundo Yeomans, a data indica apenas o fim de um calendário e o
inicio de outro. “Os maias nunca previram que o fim do mundo ocorreria nesse
dia. Seria como dizer que o fim dos tempos será em 31 de dezembro porque a data
marca o fim do calendário gregoriano”.
O final de ciclos do calendário maia significa "finais de
período" e pode ser interpretado de diferentes formas. Enquanto existem aqueles
que acreditam que 21 de dezembro de 2012 trará uma nova era de iluminação,
muitos outros temem uma catástrofe.
“Procurei pela frase 'desastres 2012' no Google e sabe quantos
resultados encontrei? 35 milhões”, afirma Yeomans. “Muitas pessoas estão
preocupadas com esta data, mas não existe razões para pânico”.
Morte pelo Planeta
X
“Umas das teorias mais famosas diz que o Sol vai se alinhar
com o centro da Via Láctea em 21 de dezembro. No entanto, o Sol faz isso
rotineiramente duas vezes por ano, e sem causar o fim do mundo”, ironiza
Yeomans.
Outro temor seria a colisão da Terra com um folclórico planeta
apelidado de “Nibiru” ou “Planeta X”, que estaria vindo em direção ao nosso
planeta.
Yeomans nota que um famoso Ufólogo chamada Nancy Leider, que
diz estar em contato com alienígenas da estrela Zeta Reticuli, primeiro afirmou
que o Nibiru causaria um desastre catastrófico em Maio de 2003, e depois mudou a
previsão para 21 de dezembro de 2012.
"Não há evidência alguma de que Nibiru exista", diz Yeomans.
“Rumores de que talvez o planeta esteja escondido atrás do Sol são infundados,
pois 'tal planeta' não poderia se esconder atrás do astro para sempre. Nós já o
teríamos encontrado”.
Os crentes em Nibiru rebatem essa critica acusando os
astrônomos da Nasa de estarem envolvidos em uma conspiração para encobrir o caso
a fim de evitar o pânico nas populações.
Mas Yeomans ridiculariza esta afirmação dizendo que “não há
nenhuma maneira da agência manter os astrônomos do mundo inteiro em
silencio”.
Alinhamento planetário
Há também quem afirme que os efeitos gravitacionais dos
planetas alinhados uns com os outros vão afetar a Terra de alguma forma em
2012.
O problema é que não há nenhum alinhamento planetário em 2012.
E mesmo que houvesse, isto não causaria problemas.
Segundo Yeomans, os únicos corpos que causam influencias
gravitacionais significativos na Terra são o Sol e a Lua - efeitos como as
marés, por exemplo.
“Os efeitos gravitacionais exercidos por outros corpos são
desprezíveis, e temos sofrido essa 'ameaça' durante milhões de anos sem
problemas”, ironiza o astrônomo.
Tempestades
solares
Outro medo sobre 2012 diz respeito as tempestades solares:
correntes de partículas energéticas causadas por explosões no Sol.
Estes eventos acontecem em ciclos de 11 anos. Quando atingem a
Terra, criam auroras e podem causar danos a satélites e linhas de energia, mas
“não é nada que cause danos permanentes”, diz Yeomans.
Há registros de que uma super tempestade solar atingiu a Terra
em 1859. Apesar de causar poucos danos na época, há temores de que uma
tempestade similar cause danos muito maiores agora que nosso mundo é mais
dependente de aparelhos eletrônicos.
Ainda assim, “não há evidências de que uma tempestade dessas
irá acontecer em 21 de dezembro de 2012”, destaca Yeomans. “É impossível prever
a atividade solar com tanta antecedência e exatidão, e mesmo uma tempestade
extremamente forte dificilmente causaria o apocalipse".
A Terra tem dois tipos de pólos: os geográficos, que marcam o
eixo de rotação do planeta, e os magnéticos, que são associados ao campo
magnético do planeta e fazem a bússola apontar sempre para o norte.
“Alguns temem que um ou ambos os pólos vão inverter em 2012.
No entanto, os pólos geográficos não podem se inverter porque a Lua estabiliza a
rotação do nosso planeta” afirma Yeomans.
Os pólos magnéticos, por sua vez, se invertem de vez em
quando, mas numa escala de tempo muito longa - cerca de 500 mil anos. “Esta
mudança não é súbita, pelo contrario, ocorre gradualmente ao longo de milhares
de anos, e não há nenhuma evidencia de uma reviravolta em 21 de dezembro de
2012”, ressalta Yeomans.
“Mesmo que houvesse, não causaria nenhum problema, a não ser
termos que mudar o ponteiro da bússola de norte para o sul”, brinca.
Yeoman observa ainda que pessoas inteligentes podem acreditar
em coisas estranhas por 'N' motivos. “Por exemplo, dados reais são muitas vezes
confundidos com pseudociência, enquanto evidencias informais e argumentos
passionais vinculados na internet e na televisão são encarados como verdade e se
confundem com a realidade”.
Para finalizar, o astrônomo da Nasa manda um aviso para seus
colegas: “Nós [cientistas] temos que fazer um trabalho melhor para educar as
pessoas sobre a Ciência e evitar que esse tipo de 'teoria da conspiração'
impregne a sociedade”.
Fonte: Space
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