Henry Milleo/ Gazeta do Povo

“O ônibus não pode ser mais caro que o carro”
Dr. Rosinha (PT), deputado federal
Publicado em 04/01/2012 | CAROLINE OLINDA
A movimentação da ala majoritária do PT já indica que uma vitória na primeira batalha será difícil. Em dezembro, o grupo decidiu que fechará alianças com partidos da base do governo federal, deixando claro que o candidato preferencial dessa aliança é Gustavo Fruet (PDT).
Quem é
Dr. Rosinha – PT
- Está no quarto mandato como deputado federal.
- Nasceu em Rolândia, em 1950.Mudou-se para Curitiba em 1969.
- Disputou a prefeitura de Curitiba em 1992.
Dr. Rosinha reagiu e propôs que todos os filiados do partido em Curitiba possam votar para escolher se a legenda terá ou não candidato próprio nesta eleição. “Eu defendo a candidatura própria porque acho que, se forem colocadas apenas duas candidaturas, vai virar um plebiscito, e corre-se o risco de perder no primeiro turno”, disse em entrevista à Gazeta do Povo.
Ter várias candidaturas não diminuiria as possibilidades de a oposição vencer em 2012?
Não na minha concepção.
Não na minha concepção.
Mas a cúpula do PT nacional e a ala majoritária do partido no Paraná defendem candidatura única da base do governo federal.
Não tem essa definição. O que há é uma vontade de construção de candidatura única, mas ela não é peremptória. Eu defendo a candidatura própria porque acho que, se forem colocadas apenas duas candidaturas, vai virar um plebiscito, e corre-se o risco de [a oposição] perder no primeiro turno. Mas levando para o segundo turno, nós podemos, aqueles da base do governo federal, discutir e caminharmos todos juntos.
Não tem essa definição. O que há é uma vontade de construção de candidatura única, mas ela não é peremptória. Eu defendo a candidatura própria porque acho que, se forem colocadas apenas duas candidaturas, vai virar um plebiscito, e corre-se o risco de [a oposição] perder no primeiro turno. Mas levando para o segundo turno, nós podemos, aqueles da base do governo federal, discutir e caminharmos todos juntos.
Quais lições o senhor aprendeu das eleições passadas?
Não há vitória eleitoral sem um bom planejamento de campanha. As minhas campanhas foram sempre muito bem planejadas. Tanto é que fui várias vezes eleito. E numa delas fui o mais votado do PT no estado, e gastando muito pouco dinheiro. Nesse planejamento, o importante é captar o sonho do povo. Se eu conseguir fazer isso, eu tenho grandes chances de ser eleito.
Não há vitória eleitoral sem um bom planejamento de campanha. As minhas campanhas foram sempre muito bem planejadas. Tanto é que fui várias vezes eleito. E numa delas fui o mais votado do PT no estado, e gastando muito pouco dinheiro. Nesse planejamento, o importante é captar o sonho do povo. Se eu conseguir fazer isso, eu tenho grandes chances de ser eleito.
Existe uma resistência do eleitor curitibano ao PT. Como vencer isso?
Existe resistência e não é pouca. Eu acho que essa resistência é por preconceito. O Lula, com a origem dele, popular e metalúrgico, não conseguiu aqui, com o curitibano, quebrar esse preconceito. A Dilma já está conseguindo romper com isso, segundo os dados que nós temos. Acho que eu também conseguirei contribuir para romper com esse preconceito. Pela minha origem, da roça, e a minha profissão de médico. E depois a minha história política, que mostra a minha coerência.
Existe resistência e não é pouca. Eu acho que essa resistência é por preconceito. O Lula, com a origem dele, popular e metalúrgico, não conseguiu aqui, com o curitibano, quebrar esse preconceito. A Dilma já está conseguindo romper com isso, segundo os dados que nós temos. Acho que eu também conseguirei contribuir para romper com esse preconceito. Pela minha origem, da roça, e a minha profissão de médico. E depois a minha história política, que mostra a minha coerência.
Se um gênio da lâmpada aparecesse para o senhor e lhe concedesse um desejo, desde que fosse para mudar algo em Curitiba, o que pediria?
É muito difícil escolher uma só mudança. O Aladim teve três chances. Hoje existem vários problemas, mas um que afeta a todos é a questão de saúde. Por mais que se diga que está bem, não está bem. Não está certo uma pessoa esperar até um ano, um ano e meio, para ter uma consulta com um especialista. Outra questão é a violência. A prefeitura tem de ter política pública de combate à violência. E o combate à violência não é só a repressão, é a prevenção.
É muito difícil escolher uma só mudança. O Aladim teve três chances. Hoje existem vários problemas, mas um que afeta a todos é a questão de saúde. Por mais que se diga que está bem, não está bem. Não está certo uma pessoa esperar até um ano, um ano e meio, para ter uma consulta com um especialista. Outra questão é a violência. A prefeitura tem de ter política pública de combate à violência. E o combate à violência não é só a repressão, é a prevenção.
O senhor pensa em alguma inovação para Curitiba?
O homem e a mulher têm de viver a dignidade e saber que podem decidir. Se eu for governante, eu vou dar oportunidade para isso. O povo tem de decidir os rumos e tem como fazer isso.
O homem e a mulher têm de viver a dignidade e saber que podem decidir. Se eu for governante, eu vou dar oportunidade para isso. O povo tem de decidir os rumos e tem como fazer isso.
O senhor estaria disposto a colocar ciclofaixas em toda a cidade?
Ou faço a faixa [exclusiva para ciclista], ou educo todos os motoristas. Eu fui ao México e lá tem faixa para ciclista. Em Bruxelas [Bélgica] não tem, mas o ciclista é respeitado pelo motorista. Não precisa ter a faixa, o motorista sabe que tem de respeitar.
Ou faço a faixa [exclusiva para ciclista], ou educo todos os motoristas. Eu fui ao México e lá tem faixa para ciclista. Em Bruxelas [Bélgica] não tem, mas o ciclista é respeitado pelo motorista. Não precisa ter a faixa, o motorista sabe que tem de respeitar.
Qual a opinião do senhor sobre o projeto do metrô de Curitiba?
Sou favorável a um meio de transporte público que não seja só o ônibus coletivo. Pode ser o metrô, mas também veículos leves sobre trilhos.
Sou favorável a um meio de transporte público que não seja só o ônibus coletivo. Pode ser o metrô, mas também veículos leves sobre trilhos.
O que é possível fazer para melhorar o trânsito?
Se eu melhorar muito o transporte coletivo, melhoro o trânsito.
Se eu melhorar muito o transporte coletivo, melhoro o trânsito.
O pedágio urbano é necessário para Curitiba?
Eu não diria que é um projeto de candidato, mas todas as cidades do Brasil que têm problemas com carro têm hoje de pensar nisso.
Eu não diria que é um projeto de candidato, mas todas as cidades do Brasil que têm problemas com carro têm hoje de pensar nisso.
O que mais irrita o senhor no trânsito?
A falta de educação de muitos motoristas.
A falta de educação de muitos motoristas.
Quais metas sociais o senhor gostaria de atender?
Proporcionalmente, acho que Curitiba deve ser a capital que mais tem moradores de rua. Deve ter uma ação da prefeitura de trabalhar com esse pessoal. Outro problema, apesar de invisível para a administração pública, são os muitos adolescentes nas ruas cheirando cola e usando outras coisas. Tem de ter uma ação social nisso. Não repressiva.
Proporcionalmente, acho que Curitiba deve ser a capital que mais tem moradores de rua. Deve ter uma ação da prefeitura de trabalhar com esse pessoal. Outro problema, apesar de invisível para a administração pública, são os muitos adolescentes nas ruas cheirando cola e usando outras coisas. Tem de ter uma ação social nisso. Não repressiva.
O que o senhor mais gosta em Curitiba?
Gosto muito do lado histórico e da formação da cidade, do modo como foi o crescimento e a migração do interior para cá.
Gosto muito do lado histórico e da formação da cidade, do modo como foi o crescimento e a migração do interior para cá.
Do que menos gosta?
Alguns setores da nossa periferia estão muito feios, abandonados.
Qual o local de Curitiba de que o senhor mais gosta?
Sempre gostei muito do Largo da Ordem e da região da Universidade Federal, porque acho que são regiões simbólicas da cidade.
Alguns setores da nossa periferia estão muito feios, abandonados.
Qual o local de Curitiba de que o senhor mais gosta?
Sempre gostei muito do Largo da Ordem e da região da Universidade Federal, porque acho que são regiões simbólicas da cidade.
Qual a praça favorita do senhor?
A 29 de Março.
A 29 de Março.
E o parque?
O Barigui.
O Barigui.
Quem é o curitibano?
Tem duas fases. Uma até meados da década de 60 e outra posterior. Até aquele período, havia um curitibano mais tradicional. Da década de 70 para cá, com a migração, esse curitibano começou a perder espaço para um outro, mais expansivo, mais aberto a aceitar outras referências culturais.
Tem duas fases. Uma até meados da década de 60 e outra posterior. Até aquele período, havia um curitibano mais tradicional. Da década de 70 para cá, com a migração, esse curitibano começou a perder espaço para um outro, mais expansivo, mais aberto a aceitar outras referências culturais.
O curitibano é tímido ou fechado?
É um pouco fechado até perceber que aquela pessoa com quem está conversando é receptiva.
É um pouco fechado até perceber que aquela pessoa com quem está conversando é receptiva.
Um pouco desconfiado, então?
Sim, um pouco desconfiado até conhecer bem. Depois ele vai embora, não tem problema.
Sim, um pouco desconfiado até conhecer bem. Depois ele vai embora, não tem problema.
Como o senhor define Curitiba?
O que mais se fala fora é: cidade bonita, mas fria, no sentido do clima.
O que mais se fala fora é: cidade bonita, mas fria, no sentido do clima.
E em relação ao curitibano?
Já foi [frio]. Hoje não é mais.
Já foi [frio]. Hoje não é mais.
Do que o senhor sente falta quando está fora?
Da minha casa, onde tenho meus discos. Tenho uns mil vinis só de MPB.
Da minha casa, onde tenho meus discos. Tenho uns mil vinis só de MPB.
Em que época a cidade é mais bonita?
Na primavera.
Na primavera.
O senhor usa transporte público?
Agora meu escritório está longe, mas quando era na Lamenha Lins eu pegava o ônibus Vila Izabel, ou pegava o expresso.
Agora meu escritório está longe, mas quando era na Lamenha Lins eu pegava o ônibus Vila Izabel, ou pegava o expresso.
O que achava do ônibus?
Muito caro. Vou falar por mim. [O trajeto da] Vila Izabel até a Lamenha Lins. Caminhando, faço em 35 minutos. De carro ou de ônibus, faço no mesmo tempo. Só que o ônibus é mais caro do que ir de carro. Não posso ter um transporte coletivo mais caro do que o individual.
Muito caro. Vou falar por mim. [O trajeto da] Vila Izabel até a Lamenha Lins. Caminhando, faço em 35 minutos. De carro ou de ônibus, faço no mesmo tempo. Só que o ônibus é mais caro do que ir de carro. Não posso ter um transporte coletivo mais caro do que o individual.
É possível baixar o preço da passagem?
É possível, desde que o poder público não deixe a iniciativa privada fazer o controle.
É possível, desde que o poder público não deixe a iniciativa privada fazer o controle.
Qual feira o senhor frequenta?
Frequentava mais a feirinha de domingo do Largo. Hoje frequento muito pouco porque é muita gente. Eu prefiro mais a tranquilidade.
Existe algum local pouco conhecido da cidade que o senhor indicaria para um amigo conhecer?
Sempre que vem algum amigo para conhecer a cidade eu os levo para conhecer os parques.
Frequentava mais a feirinha de domingo do Largo. Hoje frequento muito pouco porque é muita gente. Eu prefiro mais a tranquilidade.
Existe algum local pouco conhecido da cidade que o senhor indicaria para um amigo conhecer?
Sempre que vem algum amigo para conhecer a cidade eu os levo para conhecer os parques.
Em qual escola o senhor estudou em Curitiba antes de passar no vestibular?
Estudei no Colégio Estadual Rio Branco.
Estudei no Colégio Estadual Rio Branco.
Há algum personagem da história de Curitiba que o senhor admira?
Gosto da obra do Dalton Trevisan e gosto muito da pessoa do Valêncio Xavier.
Gosto da obra do Dalton Trevisan e gosto muito da pessoa do Valêncio Xavier.
E da atualidade?
O Cristovão Tezza.
O Cristovão Tezza.
Costuma caminhar por Curitiba?
Caminho sempre ao redor de onde eu moro. Desço a Avenida Sete de Setembro e vou embora.
Caminho sempre ao redor de onde eu moro. Desço a Avenida Sete de Setembro e vou embora.
E as calçadas da cidade, o que o senhor acha?
Péssimas. Minha mãe tem 82 anos. Até os 81 ela caminhava sozinha. Depois proibi porque periodicamente caía.
Péssimas. Minha mãe tem 82 anos. Até os 81 ela caminhava sozinha. Depois proibi porque periodicamente caía.
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